terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
.
que profundo este silêncio de guizos festivos de mais um natal cheio de luzes e frio.
nas traseiras de cada olhar avistam-se laivos de ausência.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
eterno retorno
O eterno retorno- óleo s/ tela de Guilherme de Faria.
num algures distante, num tempo que não este, uma criança grava, pensando, a sua mão na laje azul, depois vai embora para o mundo.
fará a descoberta e, nesse então, voltará, porque a sua eternidade está na mão que, pensando, gravara na laje azul da terra que é sua.
domingo, 13 de dezembro de 2009
breve registo autobiográfico contra o tempo
bebo as entranhas dos dias
em copos de amargo veludo,
por isso,
a inteireza de cada coisa
procura-me o sangue,
que anima todo este corpo
de fervor.
inquietude.
e exactidão.
imagem: «Autobiografia», Angel Boligan
todos os dias à noite depois do expediente ou título a quatro mãos
fica para mais um cigarro,
fica,
que o tempo foge
e poderá não haver tempo
para dizermos da dor
e da alegria.
fica,
para a vertigem
que resgatamos à morte.
sábado, 12 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
recomeço
sobre o silêncio que amordaçava o meu grito,
a noite, anseio desconhecido, acendeu
a vibração da minha voz interrompida.
agora, seio-o,
ganhei-me ao intervalo do requinte.
sábado, 5 de dezembro de 2009
pequeno apontamento de amor
espreita a morte à esquina do meu sonho e adamastores ensombram a boa esperança do futuro. mas eu vou, no vento azul marinho, vou para te encontrar, no horizonte infinito das marés.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
fado do amor inventado
enobrece, o entardecer, o amor
por ti, amor, tão meu e antigo
e amo estes versos meus de dor
sem haver o amor que neles digo.
como se tivesse havido um tempo
inesperado, anterior ao existir,
mas foi amor que nem lamento
deixou. nem lilás foi ao partir.
acompanho à cítara este canto
triste, sem tristeza que lá more,
não morando senão o pranto,
habitando-o sem que se demore.
entrelaço, assim, na margem do vento
as palavras deste amor inventado,
tão cansado peito de sofrimento
inexistente amor tão magoado.
por ti, amor, tão meu e antigo
e amo estes versos meus de dor
sem haver o amor que neles digo.
como se tivesse havido um tempo
inesperado, anterior ao existir,
mas foi amor que nem lamento
deixou. nem lilás foi ao partir.
acompanho à cítara este canto
triste, sem tristeza que lá more,
não morando senão o pranto,
habitando-o sem que se demore.
entrelaço, assim, na margem do vento
as palavras deste amor inventado,
tão cansado peito de sofrimento
inexistente amor tão magoado.
R.D., sem a magistralidade do texto com que te me ofereceste e sem que os tenha criado para ti, dou-te versos. Ao menos, quando por aqui passares, não terás de encontrar, parado, Goldmundo:)
Cruzar-nos-emos. Não ao portão, certamente. Mas algures no tempo e no espaço que nos cabe, no intervalo da encenação.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
De quando damos conta de que falhou tudo o que fizemos para conseguirmos um amor
Mais um texto que não me pertence, mas como não o 'roubar', se vem claro e límpido, descrevendo lucidamente os desarranjos do amor? Esses que me emudecem...
Obrigada, Goldmundo.
Obrigada, Goldmundo.
Palavras muito simples e muito sábias de Clarice Lispector, publicadas aqui mesmo ao Lado, despertaram em mim a vaga tristeza própria de quem sempre se atrasa ou se adianta e não sabe porquê. «Quando chegares, saberei quem és» poderia ser o primeiro verso de um poema sobre a misteriosa avaria de um relógio apaixonado que nunca acerta a hora pelo bater do coração amado. Uma espécie de "maquenismo" que teima em não abrandar, apesar de a regularidade do Tempo ser sempre a mesma desde os primórdios - e nunca, mas nunca, permitir ajustamentos.
Nada fazer é, sem dúvida, a vacina capaz de aniquilar esse vírus tão mortal do desacerto. Mas nada fazer é também impossível para a própria natureza da paixão. Porque não há paixão sem doença, sem atropelo da ordem interior, sem terramoto nos ossos, sem erupção do sangue espesso que se forma nas veias e nas artérias à beira da explosão. A paixão escolhe apenas a parte de nós que nada sabe, que nada pensa, que não se distancia: a paixão reduz-nos à paixão. E quando damos conta de que falhou tudo o que fizemos para conseguirmos um amor, já a aceleração nos levou para além da nossa capacidade de inércia.
O trabalho seguinte, sempre atrasado porque a paixão se adiantou, consiste já não em nada fazer, porque o que fizemos está feito, mas em voltar a aprender a acertar o passo com o ritmo que vida quer de nós.
Por isso dói.
Texto de Goldmundo, no seu Diário
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
para sempre
(Texto soberbo (como tantos, como todos) do meu querido Luís, que tem a sensibilidade e o talento de verbalizar aquilo que mora em mim e é indizível.)
É madrugada e desligo o computador. Arrumo os documentos de mais um processo e vejo-a ali caída ao pé da restante papelada: a folha que rabisquei a noite inteira. O conteúdo repete-se inúmeras vezes e é um só e contém em si todo um mundo e é o teu nome. Escrito a tinta um sem número de vezes por entre as divagações jurídicas ao longo desta noite. Chamam automatismo a este tipo de comportamentos. Eu chamo-lhe resposta. Ao apelo do teu nome que grita por mim e grita o amor que me consome hoje e sempre desde a primeira vez que unimos os lábios, mesmo depois daquele adeus que entendeste que havia de ser o ponto final na tua assinatura. Porque o teu nome é o passado onde fui feliz. Um marco granítico cravado numa vereda estreita que afirmará para sempre que conheci a bem-aventurança que só conhecem os que se atiram dos penhascos em noites de lua cheia. Nomes como o teu nunca se esquecem porque antes de serem escritos a tinta escrevem-se na carne de quem os ouve. Escrevem-se com o vento quente que rasga a planície. Ou com a chuva nocturna que castiga as pedras das calçadas de Lisboa. São nomes que atravessam a história. E que permanecem na carne onde foram escritos. Para sempre.
.
Texto de Luís Rodrigues, in O Murmúrio das Ondas
.
Texto de Luís Rodrigues, in O Murmúrio das Ondas
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
17 de setembro
transborda de sal o vaso do meu amor por ti. líquido, escorre-me na alma, abrasivo, e queima todos os espinhos do teu perfil que te inventei. dói-me este cansaço ansioso a olhar a longa estrada por onde nunca chegarás, mas de onde ansiosa e descrentemente te aguardo, vislumbrando-te, nos meus dias, por entre a poeirenta cerração do meu querer que te afaga.
‘inexistente amor tão magoado’
domingo, 6 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
casa
vagarosa,
desce a quietude de um silêncio morno
e antigo.
é a hora apaziguada e tardia
da Fénix nocturna;
o momento em que o meu sangue
ateia
o incêndio nocturno do teu perfil
e tu entras pelos versos do meu corpo,
contando sílabas,
na métrica ansiosa e incandescente
do desejo.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
perenidade
nas folhas rasgadas da árvore do quintal,
na cadeira vazia sob o estio,
no cantar enrouquecido dos galos insones,
nos sons dos grilos na noite plana…
na canção. na viagem. no azul.
na flor. no riso. no espanto.
no peito. no peito.
na pele.
.
é tal a tua ausência,
que em toda a parte te encontro.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
lucidez
no raso campo estéril
da tua voz,
morrem todas as palavras por dizer...
e eu apago os vestígios do sol
na pele dorida do meu pensamento.
da tua voz,
morrem todas as palavras por dizer...
e eu apago os vestígios do sol
na pele dorida do meu pensamento.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
da paixão
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Que nome chamar
ao teu nome,
pluma incendiada de gestos
adivinhados?
Que nome têm
essas aves etéreas
que levantaram
do teu sorriso líquido,
na manhã entardecida
de um fim de Junho?
Que nome há
neste querer-te aqui,
a beirar a minha pele?
Perdoa-me a covardia,
mas vou chamar-lhe terror.
sábado, 11 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
tu e o tempo da tua falta
Haverá sempre o eco do teu olhar e a gravidade amena do som da tua solidão, lado a lado nos meus passos, que já não acompanhas.
O tempo desfaz a ténue silhueta que resta de ti na minha memória e já não sei de cor a tua voz, esqueci a tua gargalhada e perco-te aos poucos, por não aceitar que já te perdi... sobras lembrança branca e difusa... só no peito permaneces. Intacto vazio, dolorosa saudade, amiga de olhar azul, mãe de todas as dores.
..
Para a minha querida Filipa Mello, um ano após.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
terapia branca
na alvura do sentir.
matinais,
estendem-se dia adentro,
adocicando as horas insanas
que visitam a casa.
ondulam nas ruas
sob a própria luz,
cobrindo de seda
as arestas da cidade.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
In memoriam
Deixei de ouvir-te. E sei que sou
mais triste com o teu silêncio.
Preferia pensar que só adormeceste; mas
se encostar ao teu pulso o meu ouvido
não escutarei senão a minha dor.
Deus precisou de ti, bem sei. E
não vejo como censurá-lo
ou perdoar-lhe.
.
.
.
.
.
(Ou perdoar-te, acrescento eu. Ou perdoar-te.)
mais triste com o teu silêncio.
Preferia pensar que só adormeceste; mas
se encostar ao teu pulso o meu ouvido
não escutarei senão a minha dor.
Deus precisou de ti, bem sei. E
não vejo como censurá-lo
ou perdoar-lhe.
............................Maria do Rosário Pedreira
..
.
.
.
.
(Ou perdoar-te, acrescento eu. Ou perdoar-te.)
segunda-feira, 1 de junho de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
"desejo absurdo de sofrer"
quando a claridade visita as ruas
e o desprendimento
mora nos meus gestos,
vem a ânsia
absurda
de trazer aos meus dias
o som da tua palavra.
.
mas à tua voz que não responde,
esvazia-se a esperança
e morro
só
com o teu silêncio na minha mão.
e o desprendimento
mora nos meus gestos,
vem a ânsia
absurda
de trazer aos meus dias
o som da tua palavra.
.
mas à tua voz que não responde,
esvazia-se a esperança
e morro
só
com o teu silêncio na minha mão.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
dos pássaros ingénuos
dos pássaros de luz que voejam no meu olhar, há os que teimosamente me levam à ardência esquecida de um passado de pedra.
faço-me espantalho, fingem susto de mim, mas é para lá que vão, para a esfera luminosa e latejante, habitada de Nada, onde sou cárcere de tudo quanto não sei que sou e sou. ou fui.
pouco importa o voo dos pássaros ou o destino das suas asas que me levam.
vão sem mim, coitada, que me quedei lá, de onde me crêem ausente.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
consideração a propósito de nada
partem barcos todos os dias dos meus olhos , mas eu fico. presa à âncora do medo, fico sempre.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
recordação.lamento.
visita-me a tua voz e o teu olhar.
era azul e triste
e atravessavam-no pássaros livres
(que te levaram).
no vento erram memórias
a dizimar a muralha
erguida contra a saudade.
era azul e triste
e atravessavam-no pássaros livres
(que te levaram).
no vento erram memórias
a dizimar a muralha
erguida contra a saudade.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
22 de Janeiro de 2009
apesar das chicotadas na alma, não se cansará esta voz que me apregoa em dádiva.
apesar da morte anunciada, serão eternas, na finitude, todas as utopias que, de megafone em punho, espalho no azul tormentoso das ruelas que ensombram alguns dias.
apesar dos gumes afiados dos olhares fantasmagóricos,
apesar das ironias, friezas cadavéricas,
apesar da tristeza, apesar,
há horas em que o horizonte se funde no caminho dos meus passos Aqui e sublima a entrega desprendida. é aí o momento dos versos e de uma não sei que cumplicidade, nascida algures, entre poemas.
ou numa chávena cheia do teu suor, que me depositaste no coração.
apesar da morte anunciada, serão eternas, na finitude, todas as utopias que, de megafone em punho, espalho no azul tormentoso das ruelas que ensombram alguns dias.
apesar dos gumes afiados dos olhares fantasmagóricos,
apesar das ironias, friezas cadavéricas,
apesar da tristeza, apesar,
há horas em que o horizonte se funde no caminho dos meus passos Aqui e sublima a entrega desprendida. é aí o momento dos versos e de uma não sei que cumplicidade, nascida algures, entre poemas.
ou numa chávena cheia do teu suor, que me depositaste no coração.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
chuva
anoiteceu em chuva e deu em chuvoso mais este dia de espera.
corre nas veias um sangue jacente, que teima no espectáculo triste.
anoitece. chove. está frio.
adormeço na espera.
palhaços velam-me o sono.
corre nas veias um sangue jacente, que teima no espectáculo triste.
anoitece. chove. está frio.
adormeço na espera.
palhaços velam-me o sono.
Subscrever:
Mensagens (Atom)